sábado, 16 de julho de 2016

Aula 7 (Turma Missão Shekinah)

Teorias da Inspiração Bíblica

Como a Bíblia pode ser infalível se ela foi escrita por humanos falíveis?

O fato de a Bíblia ter sido escrita por seres humanos falíveis, não faz dela um Livro defeituoso. Afinal de contas, mesmos seres humanos imperfeitos podem fazer coisas perfeitas algumas vezes, e em especial se forem supervisionados por Alguém que é infalível.
Os cristãos não afirmam que os homens que escreveram os livros da Bíblia estavam sempre certos em tudo que disseram ou fizeram. Nós simplesmente acreditamos que a Bíblia está certa quando ela afirma que Deus guiou estes homens em sua tarefa de escrever as Escrituras de modo que o resultado é um livro infalível. O apóstolo Pedro certamente disse muitas coisas erradas durante sua vida, mas Deus não permitiu que ele cometesse nenhum erro quando lhe coube à tarefa de escrever suas duas epístolas. Paulo, inspirado por Deus, ao escrever sua segunda epístola a Timóteo, afirmou classicamente que a Bíblia foi produzida por Deus e não por homens: “Toda Escritura é inspirada por Deus, e é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça” (2Tm 3:16) Podemos definir a inspiração como sendo a supervisão divina sobre os autores humanos de modo que, usando suas personalidades individuais, eles compuseram e registraram sem erro a revelação de Deus ao homem nas palavras dos autógrafos originais (Charles Ryrie).
Nós não sabemos exatamente como Deus trabalhou para cumprir o seu propósito de nos prover com uma Bíblia totalmente apurada. Mas o apóstolo Pedro nos fornece algum esclarecimento: “Nenhuma profecia jamais foi dada por vontade humana, mas homens santos, movidos pelo Espírito Santo, falaram de Deus” (2Pe :21).
Quanto à inspiração da Bíblia, há várias teorias falsas, que não podemos simplesmente ignorar, porque se não as identificarmos, poderemos até ser influenciados por elas em alguns comentários que lemos. Umas são muito antigas, outras bem recentes, e ainda outras ainda estão surgindo. Em algumas dessas teorias, a verdade vem junto com a mentira, de maneira que muitos descuidados se deixam enganar.

Será que Deus encontrou homens excepcionais, dotados de visão espiritual e dons naturais para garantirem que a Bíblia fosse uma obra perfeita? ...
Ou será que a mente do escritor ficou vazia de suas próprias ideias, enquanto Deus transferia misticamente todo o conteúdo do que deveriam escrever?

Será que ditou cada palavra tal como está escrito na Bíblia?...
Ou será que houve uma parceria intelectual e acadêmica de cada escritor?

Vejamos, então, as principais teorias da Inspiração Bíblica.

1. TEORIA DA INSPIRAÇÃO NATURAL – Procura explicar a inspiração como sendo um discernimento superior das verdades morais e religiosas por parte do homem natural. Assim como tem havido, intelectuais, filósofos, artistas, músicos e poetas excepcionais, que produziram obras de arte e de escrita que nunca foram superadas, também em relação às Escrituras houve homens excepcionais com visão espiritual que, por causa de seus dons naturais, foram capazes de escrever as Escrituras.

Refutação: Esta é a noção mais repulsiva de inspiração, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi defendida pelos pelagianos e unitarianos. Ë bom que se diga que os escritores da Bíblia, fossem eles homens simples ou extremamente cultos, afastaram de si toda glória, confessando ser Deus o verdadeiro autor de suas palavras (2Sm.23:2; At.1:16; 28:25; Jr.1:9).

2. TEORIA DA INSPIRAÇÃO MÍSTICA OU ILUMINAÇÃO – Inspiração, segundo essa teoria provém da intensificação ou elevação das percepções religiosas de um crente. Cada crente tem sua iluminação até certo ponto, dependendo do seu grau de maturidade espiritual e intimidade com Deus, e mesmo assim alguns teriam mais percepção do que outros, ainda que fossem maduros na fé.

Refutação: Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo, através de muita “vida devocional”, poderia estar capacitado a escrever livros e cartas no mesmo nível de autoridade que encontramos nas Escrituras. Schleiermacher foi quem disseminou esta teoria. Para ele inspiração é "um despertamento e excitamento da consciência religiosa, diferente em grau e não em espécie da inspiração piedosa ou sentimentos intuitivos dos homens santos".

3. TEORIA DA INSPIRAÇÃO DIVINA COMUM - Compara a inspiração que atribuímos aos escritores da Bíblia ao que hoje entendemos como sendo uma “iluminação” concedida aos cristãos piedosos, em momentos de oração, adoração, meditação e reflexão na Palavra... E que os capacita a escrever, ensinar, compor, etc...

Refutação: De fato, existe um tipo de “inspiração comum” concedida pelo Espírito Santo aos que creem e se dedicam ao SENHOR, mas ela se distingue da inspiração conferida aos escritores da Bíblia e, pelo menos dois sentidos:

3.1 - Trata-se de uma “inspiração gradativa”, isto é, o Espírito pode conceder maior ou menor conhecimento e percepção espiritual ao crente, à medida que este ora, se consagra e se santifica; ao passo que a inspiração dos escritores da Bíblia não admite graus: o escritor era ou não era inspirado.

3.2 - A “inspiração comum” pode ser permanente (1Jo 2:27), enquanto que a inspiração concedida aos escritores da Bíblia era temporária. Centena de vezes encontrou esta expressão dos profetas "e veio a mim a palavra do Senhor...", indicando o momento em que Deus os tomava para transmitir sua mensagem.

4. TEORIA DA INSPIRAÇÃO PARCIAL - Ensina que partes da Bíblia são inspiradas e outras não. Afirma que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas que apenas contém a Palavra de Deus.

Refutação: Se esta teoria fosse verdadeira, estaríamos em grande confusão, porque quem poderia dizer quais as partes que são inspiradas e as que não o são? A própria Bíblia refuta essa ideia: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino...” (2Tm 3:16); e também “...nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram  da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (1Pe 1:20,21).

5. TEORIA DO DITADO VERBAL – Segundo esse pensamento, a inspiração da Bíblia aconteceu como um ditado literal da Palavra de Deus aos escritores, como uma espécie de “transe”, onde praticamente não havia lugar para a atividade intelectual, para a formação acadêmica, nem mesmo para o estilo de cada escritor.

Refutação: Mas esta atividade e este estilo são patentes em cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos (Lc 1:4). Pedro, que tinha uma maneira simplificada de escrever, fez menção ao estilo mais elaborado do apóstolo Paulo: “... como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (1Pe 3:15,16).
Esta falsa teoria faz dos escritores verdadeiras máquinas, que anotam o que lhes é ditado, sem qualquer noção do que estão fazendo. Deus não falou com os escritores como quem fala através de um alto-falante. Ele usou também as faculdades mentais dos que escreveram. A inspiração não anulou a participação do autor, nem a intenção do escritor diminuiu o poder da inspiração: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé...” (Jd 1:3).

6. TEORIA DA INSPIRAÇÃO DAS IDÉIAS - Ensina que Deus inspirou as ideias contidas na Bíblia na mente dos autores... Apenas as ideias, mas nenhuma Palavra... Segundo essa teoria, as palavras registradas por escrito são de responsabilidade exclusiva dos escritores – eles teriam colocado no papel, à sua maneira, as ideias que lhes foram inspiradas.

Refutação:
_ Ora, qual seria a definição mais precisa de PALAVRA? _ Palavra é a expressão do pensamento! Ë a verbalização daquilo que se pensa!
_ Mas, como é que uma ideia pode ser formulada sem o uso de palavras, ainda que no pensamento?
_ E como é que uma ideia pode ser exposta, em sua exatidão, sem o uso das palavras que deram vida a essa ideia?
_ Portanto, uma ideia ou pensamento inspirado só pode ser expresso por meio de palavras inspiradas. Se Deus deu “ideias inspiradas”, Ele as deu através de “palavras inspiradas”
_ Ninguém há que possa separar a palavra da ideia. A inspiração da Bíblia não foi somente "pensada", foi também "falada".
_ “porque nunca qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2Pe 1:21).
_ “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho...” (Hb 1:1).
_ “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais” (1Co 2:13).

7. A TEORIA CORRETA DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA – É a chamada teoria da inspiração plena ou verbal. Ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não são como máquinas inconscientes; que houve cooperação vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência tão poderosa do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi Palavra de Deus. Assim, a inspiração plena ou verbal é o poder inexplicado do Espírito Santo orientando e conduzindo os escritores escolhidos por Deus na transcrição do registro bíblico, quer seja através de observações pessoais (1Jo.1:1-4)., fontes orais ou verbais (Lc.1:1-4; At.17:18; Tt.1:12; Hb.1:1).., ou através de revelação divina direta (Ap.1:1-2; Gl.1:12), preservando-os de erros e omissões, de maneira a garantir a Inerrância das Escrituras, e dando à Bíblia autoridade divina.
_ Explicar como Deus agiu no homem, é tarefa difícil! Se já é complicado entender o entrosamento do nosso “ser espiritual” com o nosso “ser corpóreo” espírito com o corpo é um mistério inexplicável para os mais sábios, imagine-se o entrosamento do Espírito de Deus com o espírito do homem! Ao aceitarmos Jesus como salvador aceitamos também as Escrituras como revelação de Deus. A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento. Depois disso nenhum outro escritor, nenhum outro servo de Deus pode ser considerado inspirado no sentido bíblico.

A autoria bíblica é, portanto Divina e Humana, simultaneamente:

Autoria Divina: Do lado divino, as Escrituras são a Palavra de Deus, no sentido de que se originaram nele e são a expressão de Sua mente. Em 2Tm.3:16 encontramos a referência a Deus: "Toda Escritura é divinamente inspirada" (theopneustos = soprada ou expirada por Deus).
A referência aqui é ao que foi escrito. Então Deus “sopra” Sua Palavra na mente do escritor (expiração), e este, por sua vez, ao receber este “sopro” inspira (inala) a Palavra de Deus a qual será processada em uma mente humana, recebendo dela sua influência, isto é a maneira de se expressar.

Autoria Humana: Na perspectiva humana vemos certos indivíduos escolhidos por Deus com a responsabilidade de receberem (inalarem) a Palavra e transformá-la em escrita. Em
2Pe.1:21 encontramos a referência aos "Homens santos de Deus que falaram movidos pelo Espírito Santo" (pherô = movidos ou conduzidos).
A própria Bíblia reconhece a autoria dual (Divina e Humana) em seu registro. Veja, por exemplo, que Mateus (15:4) registra que Deus ordenou: “Honra a teu pai e a tua mãe. E quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte”. Mas Marcos (7:10) registra o mesmo texto dizendo que foi Moisés quem ordenou essa conduta. E não há contradição – Deus é o autor desse mandamento, mas Ele usou Moisés para transmiti-lo aos homens. Em muitas outras passagens percebemos essa dualidade na autoria das Escrituras (Compare Sl.110:1 com Mc.12:36; Ex.3:6,15 com Mt.22:31; Lc.20:37 com Mc.12:26; Is.6:9,10; At.28:25 com Jo.12:39-41). Deus opera de modo misterioso usando a vontade humana, sem anulá-la e sem que o homem perceba que está sendo divinamente conduzido. Neste fenômeno, o homem faz pleno uso de sua liberdade (Pv.16:1;19:21; Sl.33:15;105:25; Ap.17:17).

RESUMINDO: Inspiração é a operação divina que influenciou os escritores bíblicos, capacitando-os a receber a mensagem divina, e que os moveu a transcrevê-la com exatidão, impedindo-os de cometerem erros e omissões, de modo que ela recebeu autoridade divina e infalível, garantindo a exata transferência da verdade revelada de Deus para a linguagem humana inteligível (2Co.10:13; 2Tm.3:16; 2Pe.1:20,21).

Provas da Inspiração Bíblica

1. O Testemunho da Arqueologia – Dr. Melvin Grove Kyle, um famoso arqueólogo internacional, já disse que nenhuma descoberta arqueológica nos últimos cem anos invalidou de algum modo qualquer simples declaração da Bíblia. Pelo contrário, a descoberta tem confirmado as Sagradas Escrituras de modo admirável.
2. O Testemunho das Vidas Transformadas – Sua influência sobre o caráter e a conduta de milhares de pessoas ao longo da história.
3. O Testemunho da Unidade – O fato de ter sido escrita num período de cerca de 1600 anos por 40 autores diferentes, sem qualquer contradição, faz-nos pensar um pouco.
4. O Testemunho das Profecias Bíblicas – João 10: 35. Mais de 300 profecias do Antigo Testamento convergem para a pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lucas 24: 27, 44 – 49).
“O problema dos opositores da Bíblia é que eles não têm nada melhor para oferecer!”

AS LINGUAGENS

 O A.T foi escrito quase toda sua totalidade em Hebraico - Com algumas palavras em aramaico. Hebraico- A língua hebraica foi falada pelos israelitas durante sua independência. Era considerada a “língua sagrada”, No AT é chamada de “a língua de Canaã ou a dos Judeus (II Reis 18.26 a 28; Is. 19.18; 36.13)”. Foi à língua dos habitantes de Canaã e Fenícia. Aramaico - A língua do povo de Arã. Ela propagou-se por toda a parte, exerceu influência sobre o hebraico. No tempo de Jesus, era a linguagem popular de a palestina

A Bíblia foi escrita em aramaico, hebraico e grego. O aramaico (siríaco) e hebraico são línguas semíticas e o grego, e posteriormente o latim, são de origem indo-europeia.