sexta-feira, 1 de julho de 2016

O POVO DE DEUS

Para Deus, a humanidade é formada de três povos, com destinos distintos: os gentios, os judeus e a Igreja de Deus (I Co.10:32). Sua mensagem, inclusive a proferida por intermédio de Oséias, busca atingir a todos os homens destes três povos.
INTRODUÇÃO

- Mesmo denunciando o pecado de Seu povo, Deus, através do profeta Oséias, apresenta seu desejo de que todos os homens se salvem, independentemente de sua origem. Entretanto, devemos entender que Deus distribui os homens em três povos: os gentios, os judeus e a Igreja, devendo tratar com eles diferentemente, já que Deus também é justiça(II Tm.4:8).

I. A UNIFICAÇÃO DE ISRAEL E JUDÁ

- Oséias, em sua profecia, apresenta ao povo um momento em que Israel e Judá serão unificados. A separação dos reinos havia sido determinada por Deus ( I Rs.11:26-40). Entretanto, quando da divisão, o próprio Deus determinou que isto não se daria para sempre(I Rs.11:39).

- Deus prometeu que Israel e Judá, unificados, estariam sob o domínio de um rei, que é o Messias. Jesus, efetivamente, reinará sobre Israel e Judá, que já existem como uma única nação hodiernamente.

- O povo judeu, hoje existente, é resultado desta reunificação, vez que, nos dias do rei Josias, é dito que o remanescente fiel do reino do Norte estava no reino do sul, servindo a Deus(II Cr.36:16-18).

- Deus tem um compromisso com Judá e Israel, o mesmo compromisso feito com Abraão, renovado quando da entrega da lei no monte Sinai(Ex.19:5,6) e que será integralmente cumprido, pois Deus não é homem para que minta nem filho do homem para que se arrependa(Nm.23:19). O remanescente fiel de Israel será salvo(Rm.9:27, 11:1-7,25-32).

OBS: "...O conceito de Israel como povo eleito de Deus aparece pela primeira vez na Aliança com Abraão, "o primeiro judeu". Deus o havia escolhido, e através dele todos os seus descendentes ao longo dos tempos, para que fossem seus 'servos' dedicados. Essa assustadora aliança com Deus, segundo o Livro do Êxodo, tinha sido confirmada por todo o povo judeu diante do Monte Sinai. Constituía uma consagração absoluta - que nenhum povo na história, antes ou depois, parece ter firmado com qualquer deidade...Isso significava que, de livre e espontânea vontade, Israel dedicava-se ao culto de Deus e a servir no mundo como defensor de Sua verdade eterna - a Torah. Além disso, comprometia-se solenemente a colocar com prática, cotidianamente, os preceitos da Torah, e fazendo um exemplo de sua virtuosa existência nacional, a inspirar todos os demais povos da terra a abraçarem a fé judaica, contribuindo assim para a redenção de toda a raça humana..." (JUDAICA, v.6, p.678-9).

- Diante deste compromisso divino, temos que Israel é uma referência que temos para o cumprimento da Palavra de Deus a respeito das últimas coisas (cfr.Mt.24:32,33; At.1:6,7).

II. OS GENTIOS

- Denominam-se "gentios" todos os demais povos que não os judeus. Seu significado é o de "estrangeiro" para os judeus.

- Após a destruição da humanidade pelo dilúvio, formou-se uma única nação por parte dos descendentes de Noé, mas esta comunidade logo se revoltou contra Deus, que dividiu esta nação única através da confusão das línguas (cfr.Gn.11:1-9), findando-se, assim, a chamada dispensação do governo humano.

- Em virtude deste juízo, Deus resolve formar um povo, a partir de Abraão, para trazer a salvação à humanidade(Gn.12:1-3). Perceba-se que a formação deste povo não significa, em absoluto, predileção ou acepção de pessoas, mas visa criar um povo que pudesse ser a demonstração do amor de Deus a todas as nações.

- Israel falhou nesta iniciativa de testificar de Deus a todas as nações, notadamente ao rejeitar o Messias (cfr.Jo.1:11), abrindo-se, então, uma oportunidade aos gentios para que recebessem a Deus através de Jesus Cristo(Jo.1:12,13; Rm.9:30-33,10:11-25)

- Vive-se o momento da dispensação aos gentios, da oportunidade para que todos aceitem a Cristo como Salvador(Mt.24:14; 28:19;Mc.16:15; Lc.24:47;At.1:8; Ap.5:9,10).

- Enquanto, neste período, o Espírito Santo está sendo profusamente derramado e há um movimento evangelístico para alcançar o mundo todo, também opera o espírito do Anticristo, criando uma instabilidade sócio-político-econômica com o intuito de gerar condições para o surgimento de um governo mundial, que se apresente como a solução para os problemas da humanidade(I Jo.2:18; IIJo.7; Mt.24:5-14).

OBS: A mentalidade do mundo gentílico sem Deus está bem ilustrada neste trecho de um importante trabalho de economia: "...A maioria dos utopistas tecnológicos pensava que sua visão do futuro seria concretizada nos Estados unidos e em outros lugares dentro de cem anos. Estavam convencidos de que a ciência e a tecnologia substituiriam a inspiração e a intervenção divina, criando uma nova tecnologia secular mais poderosa do que qualquer outra já concebida pelos homens da Igreja. em um dos romances, o protagonista afirma, 'A eternidade está aqui. Estamos vivendo no meio dela'. Outro cidadão da utopia proclama ousadamente: 'O paraíso será na terra' (Charles W. WOOLDRIDGE.
Perfecting the Earth: A Piece of Possible History)..." (Jeremy RIFKIN. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho, p.50).

- Passado este período, as nações sofrerão o grande juízo de Deus durante a Grande Tribulação(Dn.12:1; Ap.6), servirão ao Anticristo(Ap.13:1-8) e serão derrotados pelo próprio Jesus(Is.63:1-6; Ap.18:1-10,19:11-21).

- A um remanescente das nações, que não se aliarem ao Anticristo, será concedido que participem do reino milenial de Cristo(Is.66:16-24).

III. A IGREJA

- O grande mistério de Deus em Seu plano era a criação de um novo povo, a Igreja, formada por todos os salvos e remidos no sangue do Cordeiro(Ef.3:4-10).

OBS: "...a Igreja é uma comunidade local, mas também universal. Todos os seres humanos que aceitam e consideram a Cristo como Cabeça, tendo tido encontro com o Espírito Santo, passaram pelo novo nascimento, são membros da Igreja..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.105).

- A Igreja foi edificada por Jesus (Mt.16:18), que é seu fundamento(I Co.3:11).

- A Igreja é formada tanto por judeus quanto por gentios (Ef.2:11-22).

OBS: "...Ela (a Igreja, observação nossa) é o lugar onde Deus derruba as barreiras do preconceito, para Ele não existe raça, cor, ou nível social, nem judeu nem gentio..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.106).

- Para se ingressar na Igreja, necessário se faz que haja o novo nascimento (Jo.3:3-8), que haja o arrependimento dos pecados e seu conseqüente perdão(At.2:37-47).

- A Igreja tem a missão de evangelizar o mundo (Mc.16:15), de viver separada do pecado(Hb.12:1,14), de promover o aperfeiçoamento dos santos(Ef.4:11-16) e de desejar e aguardar a vinda de Jesus(II Tm.4:8, Ap.22:17,20; I Co.16:22).

- À Igreja está reservado o arrebatamento antes do início da Grande Tribulação(I Co.15:22,23,52-58; I Ts.1:10; 4:13-18)

IV. A EXTENSÃO DA MENSAGEM DE OSÉIAS

- Em sua mensagem de restauração de Israel, Oséias anuncia o reino milenial de Cristo, porquanto somente neste período da história é que o remanescente de Israel aceitará a Cristo como o Messias, período em que também haverá a redenção da natureza (cfr.Rm.8:18-23; Is.11:4-16;65:18-25) e do cenário mundial - Os.2:18-23.

OBS: "...Todo o plano de aliança com Israel , ainda não cumprido, torna obrigatória a segunda vinda do Messias à terra. E tudo indica que este retorno é literal...No milênio, haverá grande adoração ao Rei dos reis. Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar a Cristo...A vinda de Cristo, no segundo advento, haverá de glorificar o Seu povo, que com ele reinará por espaço de mil anos...O milênio será um reinado de paz. Estará sob o governo do Príncipe da Paz e dos Seus, os pacificadores e será a última tentativa de salvar a humanidade perdida da presente dispensação..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.168-70).

- A restauração espiritual de Israel é o último estágio de uma restauração gradual, que é bem explicitada pelo profeta Ezequiel na visão do vale de ossos secos -Ez.37:1-14.
- Neste capítulo de Oséias, é interessante verificarmos que a vida de prostituição da mulher de Oséias não leva a lugar algum, a não ser à vergonha, apesar da aparente prosperidade material que a vida de prostituição possa dar. É um grande alerta para aqueles que, em troca do ouro e das vantagens desta vida, abandonam ao Senhor. Seu fim não é outro senão o preconizado pelo profeta emOs.2:6-13.

OBS: "...O salário de uma prostituta, nos dias de Oséias, era bom, tal como é bom hoje em dia. Naquele tempo, a maior parte desses salários era paga sobb a forma de produtos, pelo que encontramos aqui(Os.2:5, observação nossa) mercadorias...A prostituição (infantil ou não) é uma das maldições brasileiras. A maior parte das prostitutas é 'prostituta do salário'. As jovens logo aprendem que podem ganhar, em um único dia, mais do que as boas jovens podem ganhar com seu salário-mínimo, em um mês inteiro. Portanto, por que trabalhar para algum chefe mau-humorado ? A pobre é algo do passado para a maioria das prostitutas. A dama deste versículo...era simplesmente corrupta, o que ilustra o estado geral da nação de Israel, em sua idolatria-adultério-apostasia...poucas profissões envolvem-se tão pesadamente nos 'benefícios materiais', com a exclusão de qualquer busca espiritual, quanto as prostitutas. Seja como for, a corrida louca pelos benefícios materiais é uma espécie de prostituição moral e física. Todo esse negócio é vergonhoso, conforme declara o versículo presente..." (R.N. CHAMPLIN, Antigo Testamento Interpretado, v.5, p.3449)

- Entretanto, em que pese todo o pecado cometido e todas as suas nefastas conseqüências, colocadas pelo próprio Deus até (cfr.Os.2:6), Deus está pronto a perdoar o pecador que se arrepender. Está à disposição do perdido um lugar em que poderá desfrutar de uma intimidade com Deus (o deserto mencionado emOs.2:14), onde as dificuldades (este é significado da palavra "Acor", o vale mencionado emOs.2:15, vale de triste memória para os israelitas, pois foi ali que foi punido o pecado de Acã, cf.Js.7:24-26) se tornarão em porta de esperança (cfr.Os.2:15).

- A relação com Deus, ensina-nos o profeta Oséias, não é uma relação de propriedade, de autoritarismo, mas, muito pelo contrário, ao invés de o crente ter de dizer "meu Baal"(a palavra "baal" quer dizer dono, proprietário), dirá "meu marido", ou seja, aquele a quem eu amo, aquele a quem eu tenho afeição. Não há como estabelecer um real relacionamento com Deus se não for pelo amor -Jo.3:6; 13:1;15:9-14; IJo.3:13-19.

- Isto nos mostra, também, claramente que um casamento somente poderá permanecer se houver amor entre os cônjuges.

OBS: "...O perdão pode salvar e transformar um matrimônio. Através da trágica história de Oséias e Gomer, Deus revela tanto a profundeza como o poder
1) do seu amor por Israel e
2) dos laços do casamento. Deus descreve seu sofrimento e dor e humilhação por causa da infidelidade de Israel; e, em obediência a Deus, Oséias sofre a mesma dor e humilhação pela infidelidade de sua própria esposa. Mas Deus mostra a ele como o casamento pode ser salvo, através do sofrimento e perdão. Esta é uma das mais profundas revelações acerca do casamento encontrada em qualquer lugar das Escrituras. Um casamento de sucessão não é coisa de gente perfeita, vivendo perfeitamente por perfeitos princípios. Ao contrário, o casamento é um estado no qual pessoas, que são muito imperfeitas e que freqüentemente se machucam e se humilham, acham a graça de estender o perdão uma à outra e, portanto, permitir que o poder remidor de Deus transforme o seu matrimônio..." (Bíblia de Estudo Plenitude, Dinâmica do Reino. Ordem familiar,Os.2.16-17,19-20, p.854).

- Deus fala, através do profeta Oséias, num recomeço. Trata Israel como se fosse uma noiva, como se fosse uma donzela, apesar de toda a prostituiçãopraticada (Os.2:19,20). O perdão de Deus é total e envolve o completo esquecimento do passado de iniqüidade (cfr.Mq.7:18,19). Nascemos de novo, somos novas criaturas, tudo é novo.
(cfr. II Co.5:17). Por que, então, muitas vezes, nós, crentes, em relação aos irmãos que fracassaram e obtiveram a reconciliação do Senhor, não procedemos do mesmo modo que Jesus ? Mudemos nosso comportamento antes que venhamos a sofrer por esta atitude contrária à vontade de Deus.

- Mediante o perdão divino, passamos a pertencer ao povo de Deus, independentemente de nossa vida anterior, do que tenhamos vindo a fazer(Os.2:23). Não há qualquer maldição hereditária, qualquer reminiscência, qualquer pecado que tenha perdurado, pois o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado - I Jo.1:7

ESCLARECIMENTOS IMPORTANTES SOBRE O COMENTÁRIO DA LIÇÃO OU DO ESBOÇO

Sugestão - Interessante a consulta à monografia "A dimensão da Igreja como povo de Deus", de Irani José Costa, disponível na internet no endereço
www.ejesus.com.br/teses/a_dimensao_da_igreja_como_povo.htm.



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