O que é um "diácono"?
A palavra "diácono" vem
de uma palavra grega (diakonos) que é encontrada mais de
30 vezes no Novo Testamento. Palavras semelhantes são diakonia (ministério ou diaconato)
e diakoneo (servir
ou ministrar). "Diácono" quer dizer "atendente" ou
"servente". A mesma palavra descreve, empregados e obreiros
voluntários. A ênfase não está na posição da pessoa, mas no servo em relação ao
seu trabalho.
Os diáconos, ou servos, na Bíblia
incluem servos domésticos (João 2:5,9), e governantes (Romanos 13:4), mas os
usos mais comuns são de servos de Cristo e da igreja. Jesus usou a palavra para
descrever seus discípulos, um em relação aos outros (Mateus 23:11), e Paulo
usou a mesma palavra frequentemente para descrever evangelistas ou pregadores
da palavra (1 Coríntios 3:5; Efésios 6:21; etc.). Estes termos, nos usos
gerais, descrevem tanto homens como mulheres (veja Lucas 10:40; Romanos 16:1).
Todos os cristãos devem servir uns aos outros (1 Pedro 4:10).
A palavra "diácono" é
empregada num sentido específico em 1 Timóteo 3:8, onde Paulo começa a lista de
qualificações de alguns servos especiais escolhidos na igreja. É claro que ele
não está falando sobre servos no sentido geral (todos os cristãos), porque as
qualificações definem um grupo limitado de homens. Veja as qualificações desses
servos:
"Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam
respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de
sórdida ganância, conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Também
sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis,
exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam
elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja
marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Pois os que
desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e
muita intrepidez na fé em Cristo Jesus" (1 Timóteo 3:8-13).
1 Timóteo 3:1-13 e Filipenses 1:1
mostram que esses servos são distintos dos bispos ou presbíteros. Eles servem
sob a supervisão e direção dos presbíteros, auxiliando em diversos aspectos do
trabalho da igreja. Em Atos 6:1-7, achamos um exemplo de homens escolhidos para
servir na igreja, neste caso sob a supervisão dos apóstolos.
As Qualificações e Responsabilidades Bíblicas dos Diáconos
Quem deveria ser um diácono? O que a Bíblia diz que os
diáconos devem fazer?
Os diáconos possuem uma função
crucial na vida e saúde da igreja local, o papel bíblico dos diáconos é cuidar
das necessidades físicas e logísticas da igreja.
Essa distinção é baseada no
padrão encontrado em Atos 6.1-6. Os apóstolos eram devotados “à oração e ao
ministério da palavra” (v. 4). Uma vez que esse era o seu chamado primário,
sete homens foram escolhidos para lidar com assuntos mais práticos, de modo a
dar aos apóstolos a liberdade para continuarem a sua obra.
Para que isto aconteça os
diáconos servem a congregação em todas as necessidades práticas que possam
surgir.
As
Qualificações dos Diáconos
A única passagem que menciona as
qualificações para os diáconos é 1Timóteo 3.8-13. Nessa passagem, Paulo
apresenta uma lista oficial, porém não exaustiva, dos requerimentos para os
diáconos.
As similaridades entre as
qualificações para diáconos e presbíteros/bispos em 1Timóteo 3 são notáveis.
Assim como as qualificações para os presbíteros, um diácono não pode ser dado
ao vinho (v. 3), avarento (v. 3), irrepreensível (v. 2; Tt 1.6), marido de uma
só mulher (v. 2), e um hábil governante de seus filhos e de sua casa (vv. 4-5).
Além disso, o foco das qualificações é o caráter moral da pessoa que há de
preencher o ofício: um diácono deve ser maduro e acima de reprovação. A
principal diferença entre um presbítero e um diácono é uma diferença de dons e
chamado, não de caráter.
Paulo identifica nove
qualificações para os diáconos em 1Timóteo 3.8-12:
Respeitáveis (v. 8): Esse termo normalmente se
refere a algo que é honorável, digno, estimado, nobre, e está diretamente
relacionado a “irrepreensível”, que é dado como uma qualificação para os
presbíteros (1 Tm 3.2).
De uma só palavra (v. 8): Aqueles que têm a língua
dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a
outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são
insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de
credibilidade.
Não inclinados a muito vinho (v. 8): Um homem é desqualificado
para o ofício de diácono se for viciado em vinho ou outra bebida forte. Tal
pessoa carece de domínio próprio e é indisciplinada.
Não cobiçosos de sórdida ganância (v. 8): Se
uma pessoa ama o dinheiro, não está qualificado para ser um diácono,
especialmente porque os diáconos com frequência lidam com questões financeiras
da igreja.
Sólidos na fé e na vida (v. 9): Paulo também indica que um
diácono deve “conservar o mistério da fé com a consciência limpa”. A expressão
“o mistério da fé” é simplesmente um modo de Paulo falar do evangelho (cf. 1Tm
3.16). Consequentemente, essa afirmação se refere à necessidade de os diáconos
manterem-se firmes no verdadeiro evangelho, e não oscilantes. Contudo, essa
qualificação não envolve apenas as crenças de alguém, pois o diácono também
deve manter essas crenças “com a consciência limpa”. Isto é, o comportamento de
um diácono deve ser consistente com suas crenças.
Irrepreensíveis (v. 10): Paulo escreve que os
diáconos devem ser “primeiramente experimentados; e, se se mostrarem
irrepreensíveis, exerçam o diaconato” (v. 10). “Irrepreensíveis” é um termo
genérico, que se refere ao caráter geral de uma pessoa. Embora Paulo não
especifique que tipo de teste deve ser feito, no mínimo, deve-se examinar a
vida pessoal, a reputação e as posições teológicas do candidato. Mais do que
isso, a congregação não deveria examinar apenas a maturidade moral, espiritual
e doutrinária do diácono em potencial, mas deveria também considerar o
histórico de serviço da pessoa na igreja.
Esposa piedosa (v. 11): É discutível se o versículo
11 se refere à esposa do diácono ou a uma diaconisa. No que interessa a esta
discussão, vamos assumir que o versículo esteja falando das qualificações da
esposa de um diácono. De acordo com Paulo, as esposas dos diáconos devem ser
“respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (v. 11). Como o
seu marido, a esposa deve ser respeitável ou honorável. Em segundo lugar, ela
não deve ser maldizente, uma pessoa que espalha fofocas. A esposa de um diácono
deve também ser temperante ou sóbria. Isso é, ela deve ser apta a fazer bons
julgamentos e não deve estar envolvidas em coisas que possam embaraçar tal
julgamento. Por fim, ela deve ser “fiel em todas as coisas” (cf. 1Tm 5.10).
Esse é um requerimento genérico que funciona semelhantemente ao requerimento
para que os presbíteros e diáconos sejam “irrepreensíveis” (1Tm 3.2; Tt 1.6;
1Tm 3.10).
Marido de uma só mulher (v. 12): A melhor interpretação
dessa passagem difícil consiste em entendê-la como a fidelidade do marido para
com sua esposa. Ele deve ser “um homem de uma única mulher”. Isso é não deve
haver qualquer outra mulher em sua vida com a qual ele se relacione em
intimidade, seja emocionalmente, seja fisicamente.
Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12): Um
diácono deve ser o líder espiritual de sua esposa e filhos.
De modo geral, se uma
qualificação moral é listada para presbíteros, mas não para
diáconos, aquela qualificação ainda se aplica a estes. O mesmo ocorre para
aquelas qualificações listado para diáconos, mas não para presbíteros. Por
exemplo, um diácono deve ser um homem de “uma só palavra” (v. 8). Paulo não
afirma explicitamente o mesmo acerca dos presbíteros, mas não há dúvida de que
tal se aplica a eles, uma vez que Paulo disse que os presbíteros devem ser
“irrepreensíveis”, o que incluiria essa injunção.
Ainda assim, nós deveríamos
observar as diferenças nas qualificações, uma vez que ou elas significam um
traço peculiarmente adequado ao oficial para que cumpra seus deveres, ou são
algo que era problemático no lugar para onde Paulo escreveu (no caso, Éfeso).
Isso deve ficar mais claro à medida que passemos a considerar as
responsabilidades de um diácono.
As
Responsabilidades dos Diáconos
O ofício de diácono é frequentemente
mal-entendido. Conforme o Novo Testamento, a função do diácono é,
principalmente, ser um servo. A igreja precisa de diáconos para proverem
suporte logístico e material, de modo que os pastores possam focar na Palavra
de Deus e na oração.
O Novo Testamento não nos dá
muita informação acerca do papel dos diáconos. Os requerimentos dados em
1Timóteo 3.8-12 focam no caráter e na vida familiar do diácono. Existem,
contudo, algumas dicas quanto à função dos diáconos quando os requerimentos são
comparados àqueles dos presbíteros. Embora muitas das qualificações sejam as
mesmas ou muito similares, há algumas notáveis diferenças.
Talvez a função mais perceptível
seja que os diáconos não precisam ser “aptos a ensinar” (1Tm 3.2). Diáconos são
chamados a “conservar” a fé com uma consciência limpa, mas não são chamados a
“ensinar” aquela fé (1Tm 3.9). Isso sugere que os diáconos não têm um papel de
ensino oficial na igreja.
Os diáconos devem governar bem
sua casa e seus filhos (1Tm 3.4, 12). Porém, ao referir-se aos diáconos, Paulo
omite a seção na qual compara governar a própria casa a cuidar da igreja de
Deus (1Tm 3.5). O motivo dessa omissão é, mais provavelmente, devido ao fato de
que aos diáconos não é dada uma posição de liderança ou governo na igreja –
essa função pertence aos presbíteros, pastores e bispos.
Embora Paulo indique que um
indivíduo deva ser testado antes de poder exercer o ofício de diácono (1Tm
3.10), o requerimento de que ele não seja um neófito não está incluso. Paulo
observa que, se um diácono for um recém-convertido, pode ocorrer que ele “se ensoberbeça
e incorra na condenação do diabo” (1Tm 3.6). Uma implicação dessa diferença
poderia ser que aqueles que exercem o ofício de presbítero são mais suscetíveis
ao orgulho porque possuem liderança sobre a igreja. Ao contrário, não é tão
provável que um diácono, o qual se acha mais em um papel de servo, caia no
mesmo pecado. Finalmente, o título de “bispo” (1Tm 3.2) implica a supervisão
geral do bem-estar espiritual da congregação, ao passo que o título “diácono”
implica alguém que possui um ministério orientado para o serviço.
Além do que podemos vislumbrar
dessas diferenças nas qualificações, a Bíblia não indica claramente a função
dos diáconos. Contudo, baseado no padrão estabelecido em Atos 6, com os
apóstolos e os Sete, parece melhor enxergar os diáconos como servos que fazem o
que for necessário para permitir que os pastores cumpram o seu chamado divino
de pastorear e ensinar a igreja. Assim como os apóstolos delegaram
responsabilidades administrativas aos Sete, também os pastores devem delegar
certas responsabilidades aos diáconos, de modo que os pastores possam focar os
seus esforços em outras atividades. Como resultado, cada igreja local é livre
para definir as tarefas dos diáconos conforme as suas necessidades
particulares.
Quais são alguns deveres pelos quais os diáconos devem ser responsáveis
hoje?
Eles poderiam ser responsáveis
por qualquer coisa que não seja relacionada ao ensino e ao pastoreio da igreja.
Tais deveres poderiam incluir:
Instalações: Os diáconos poderiam ser responsáveis por
administrar a propriedade da igreja. Isso incluiria assegurar que o lugar de
culto esteja preparado para a reunião de adoração, limpá-lo, ou administrar o
sistema de som.
Benevolência: Semelhante ao que ocorreu em Atos 6.1-6 com a
distribuição diária em favor das viúvas, os diáconos podem estar envolvidos em
administrar fundos ou outras formas de assistência aos necessitados.
Finanças: Enquanto os presbíteros deveriam,
provavelmente, supervisionar as questões financeiras da igreja (At 11.30),
pode-se deixar apropriadamente que os diáconos lidem com as questões
cotidianas. Isso incluiria coletar e contar as ofertas, manter registros, e
assim por diante.
Introduções: Os
diáconos poderiam ser responsáveis por distribuir boletins, acomodar a
congregação nos assentos ou preparar os elementos para a comunhão.
Logística: Os diáconos deveriam estar prontos a ajudar
em uma variedade de modos, de modo que os pastores possam se concentrar no
ensino e no pastoreio da igreja.
Ao passo que a Bíblia encarrega
os pastores e presbíteros das tarefas de ensinar e liderar a igreja, o papel
dos diáconos é mais orientado ao serviço. Isso são: eles devem cuidar das
preocupações físicas ou temporais da igreja. Ao lidarem com tais questões, os
diáconos liberam os presbíteros e pastores para que foquem no pastoreio das
necessidades espirituais da congregação.
Contudo, embora os diáconos não
sejam os líderes espirituais da congregação, o seu caráter é da maior
importância, motivo pelo qual deveriam ser examinados e apresentar as
qualificações bíblicas arroladas em 1Timóteo 3.
Presbíteros
INTRODUÇÃO
No início da Igreja do primeiro
século havia líderes que orientavam os crentes quanto ao Evangelho, bem como à
organização e desenvolvimento da igreja local. O Evangelho frutificou na vida
das pessoas, e por isso, surgiam cada vez mais novos crentes. Foi necessário, a
fim de garantir o discipulado integral da nova pessoa em Cristo, separar
crentes idôneos e maduros na fé para cuidarem desse precioso rebanho. Assim, os
apóstolos de Cristo passaram a estabelecer presbíteros para zelar pela
administração e a vida espiritual da igreja local.
I. A ESCOLHA DOS PRESBÍTEROS
Significado da função. De acordo com a Bíblia de Estudo
Palavras-Chave, o termo “presbítero” (do gr. presbyteros) é uma forma
comparativa da palavra grega presbys, “pessoa mais velha”. Como substantivo, e
no emprego dos judeus e cristãos, “presbítero” é um título de dignidade dos
indivíduos experientes e de idade madura que formavam o governo da igreja
local. É um sinônimo de bispo (gr. episkopos, supervisor); de professor (gr.
didaskolos); e de pastor (gr. poimēn).
A liderança local. O apóstolo Paulo cuidou de organizar a
administração das igrejas locais por onde as plantava, separando um grupo de
obreiros para tal trabalho. Quando escreve ao seu discípulo, o jovem Tito,
Paulo o instrui a estabelecer presbíteros em diversos lugares, de cidade em
cidade (Tt 1.4,5,7). Está claro, assim, o aspecto pastoral da função exercida
pelos presbíteros nas comunidades cristãs antigas.
As qualificações. Em o Novo
Testamento, as referências aos presbíteros encontram-se no plural:
“presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.14; 1Pe
5.1). Como a liderança local era formada por um grupo de irmãos experientes na
fé para cuidarem da igreja, a função dos presbíteros era pastoral. Portanto, o
presbítero é um pastor, um apascentador de ovelhas! A Palavra de Deus expressa
qualificações bem objetivas para o exercício fiel dessa função. Tais
qualificações estão descritas em Tito 1.6-9 para presbítero, assim como em 1
Timóteo 3.1-7 para “bispo”, denotando o aspecto sinonímico dos dois termos. Uma
leitura atenta das duas listas indica a importância da função e como as igrejas
não podem descuidar-se quando da ordenação de pessoas para servi-la. O bom
conselho do apóstolo Paulo ainda é a maneira mais segura para se separar
obreiros.
II. A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO
Significado do termo. “Não
desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição
das mãos do presbitério” (1Tm 4.14). Foi dessa forma que o apóstolo Paulo
lembrou Timóteo, aconselhando-o acerca do reconhecimento do ministério do jovem
pastor pelo conselho de obreiros. O Novo Testamento classifica esse corpo de
obreiro de “presbitério” (do gr. presbyterion, substantivo de presbítero, um
conselho formado por anciãos da igreja cristã).
A atuação do presbitério. No
Concílio de Jerusalém, em relação às sérias questões étnicas e eclesiásticas
que podiam comprometer a expansão da igreja, os apóstolos e os anciãos
(presbíteros) foram chamados para debater e legislar sobre o assunto (At
15.2,6,9-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à Antioquia para
orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que perturbavam os novos
convertidos: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem
observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos
em Jerusalém” (At 16.4).
A valorização do presbitério. O
presbitério deve ser valorizado, pois desde os primórdios da Igreja cristã, a
sua existência tem fundamento na Palavra de Deus. O rebanho do Senhor será
ainda mais bem atendido se o presbitério das nossas igrejas for preparado para
uma atuação mais efetiva no governo da igreja e no ministério de ensino, tal
como instruiu o apóstolo Paulo: “Os presbíteros que governam bem sejam
estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na
palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O Novo Testamento mostra que, apesar de
haver um pastor titular, o governo de uma igreja não era exercido por um único
líder, mas pelo conselho de obreiros (At 20.17-37; Ef 4.11, 1Pe 5.1). O
presbitério é de vital importância ao desenvolvimento das igrejas locais e ao
bom ordenamento do Corpo de Cristo.
III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO
Apascentar a igreja. Os presbíteros têm o dever de
alimentar o rebanho de Deus com a exposição da Santa Palavra. O apóstolo Pedro
bem exortou aos presbíteros da sua época acerca desta tarefa: (1Pe 5.2a). O
apascentar as ovelhas do Senhor se dá com cuidado pastoral, não pela força ou
violência, como se os obreiros tivessem domínio sobre o Corpo de Cristo. Esse
ato ocorre voluntariamente, sem interesse financeiro, servindo de exemplo ao
rebanho em tudo (1Pe 5.2,3). Os presbíteros formam o conselho da igreja local
cujo objetivo maior é atuar na formação espiritual, social, moral e familiar do
povo de Deus.
Liderar a igreja local. A liderança da igreja local tem
duas esferas principais de atuação: o governo e o ensino. O presbítero, quando
designado para essas tarefas, tem o dever de exercê-las na “Igreja de Deus”
(1Tm 3.5). Para isso, ele precisa saber “governar a sua própria casa” e ser
“apto a ensinar” (1Tm 3.2,4). Liderar o rebanho de Deus, segundo o Novo
Testamento, é estar disponível “para servir” e “não para ser servido” (Mt
20.25-28; Mc 10.42-45). Com o objetivo de exercer competentemente esta função,
o presbítero deve ser uma pessoa experiente, idônea e pronta a ser exemplo na
igreja local. Ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior compromisso
de todo homem de Deus chamado para tão nobre tarefa.
Ungir os enfermos. “Está alguém entre vós doente? Chame os
presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do
Senhor” (Tg 5.14). O ato da unção dos enfermos não pode ser banalizado na
igreja local. Ele revela a proximidade que o presbítero deve ter com as
pessoas. O membro da igreja local tem de se sentir à vontade para procurar
qualquer um dos presbíteros e receber oração ou uma palavra pastoral. Tal
obreiro foi separado pelo Pai e pela igreja para atender a essas demandas.
Os presbíteros, sempre formaram
um corpo de obreiros com a finalidade de contribuir para a edificação da igreja
local. Eles exercem uma função pastoral. Nas Assembleias de Deus no Brasil, os
presbíteros exercem este serviço, pastoreando as congregações. Eles ainda
cuidam da execução das principais tarefas da Igreja: a evangelização e o ensino
da Palavra. Portanto, esses obreiros precisam ser bem selecionados e
valorizados pela igreja local.
O que significa ser pastor?
Desde os tempos do Antigo
Testamento os líderes do povo de Deus (reis, sacerdotes, profetas) já eram
chamados de pastores (ver exemplo em Jer. 23:1-4) porque tinham a função de
guiar, conduzir o povo pelos caminhos estabelecidos por Deus. No Novo Testamento
encontramos três designações para a mesma pessoa que é responsável pela
condução da igreja, do povo de Deus. Em Atos 20:17,28, encontramos o apóstolo
Paulo reunido com os anciãos da igreja de Éfeso
(v.17), aos quais chama também de bispos e declara que foram
constituídos para exercerem a tarefa de pastoreio.
Neste texto fica estabelecido que na igreja primitiva o que pastoreava era
também o bispo que supervisionava e, ainda, o ancião (ou presbítero) que
ensinava, aconselhava exortava.
Daí por diante, vamos encontrar o
apóstolo Paulo sempre se referindo aos incumbidos de dirigirem as igrejas de
Cristo, como pastores, ou presbíteros, ou bispos (ver Ef. 4:11; Heb.
13:7,17 e Tito 1:5,7) e nunca se referindo a eles como pessoas diferentes em
cargos diferentes. O que precisamos entender é que o líder da igreja, na
realidade, desempenha três funções essenciais para a condução do povo de Deus.
1. Pastor. Em
Efésios 4:11 o apóstolo Paulo usou a expressão gregapoiménas que significa literalmente
pastores. Em Hebreus 13:7,17, a expressão usada é uma derivação de eiguéomai que
significa chefe, condutor, que exerce governo. Para entendermos bem a função de
pastoreio, podemos ler as explicações de Jesus encontradas em João 10:1-11. O
Pastor é quem tira as ovelhas para fora do curral (v. 3 e 4); é quem vai
adiante delas indicando-lhes o caminho; é quem chama pelas ovelhas dizendo-lhes
do perigo (v.4); é quem deve estar alerta contra os animais ferozes que rodeiam
o rebanho (v. 11 e 12).
Para que um pastor possa
desempenhar bem a sua função, são requeridas na Bíblia algumas atitudes das
ovelhas para com ele:
a) Precisa ser seguido (Heb. 13:7). Não se pode imaginar um
pastor que esteja sendo conduzido pelo rebanho, que deixe que o rebanho o
conduza. Infelizmente alguns crentes em muitas ocasiões não se conformam em
serem ovelhas e passam a querer conduzir o pastor, passam a querer governar o
pastor, dizendo-lhe o que deve fazer e por onde deve andar. Não é por acaso que
o povo de Deus é comparado a um rebanho de ovelhas e não é também por
acaso que pastores foram constituídos para estarem adiante do rebanho. Ovelhas
precisam seguir por caminhos bíblicos, seguros, e é o pastor quem deve
conduzi-las.
b) Precisa ser obedecido (Heb. 13:17), porque são os pastores
que velam pela vida espiritual dos que compõem a igreja.
Existem igrejas onde os encarregados de velarem pela vida espiritual são
componentes de uma comissão, ou são os diáconos, ou são outras pessoas
quaisquer. Mas esta função é atribuída na Bíblia somente aos pastores, porque
são eles que darão contas das almas das ovelhas. Muitas pessoas querem ter o
privilégio de conduzir, de ditar normas nas igrejas, mas somente o pastor é
quem dará contas do rebanho a Deus. Por isso mesmo ele deve ter
cuidado na condução do rebanho, sabendo que este não lhe pertence e que deve
ser conduzido segundo os padrões pré-estabelecidos pelo Senhor das ovelhas, que
são encontrados nas Escrituras.
Os pastores devem também ser
obedecidos para que a igreja desfrute de uma condução alegre e agradável para
ela própria. Quando os pastores gemem debaixo da pesada carga da desobediência
das ovelhas, as igrejas também sofrem.
2. Bispo. A expressão grega traduzida por bispo é episkopoi,
que significa superintendente, supervisor. Retornando a Atos 20:28, lemos que o
pastor é constituído bispo da igreja pelo próprio Espírito Santo. Um pastor que
tenha convicção da sua vocação, do seu ministério, não tem coragem de passar o
episcopado à outra pessoa por sua própria vontade. Ele
precisa assumir esta função por mais pesada que lhe pareça, por mais árdua e
ingrata que seja.
Pelo desejo de poder, há pessoas
que desejam se tornar superintendentes das igrejas de Cristo, mas talvez não
percebam o grave erro em que estão incorrendo, porque é o que desejam por suas
próprias vontades, quando é necessário que sejam vocacionadas pelo Espírito
Santo para tal obra.
Em algumas igrejas a função de
supervisão, de superintendência, é atribuída a um grupo de irmãos e em outras a
uma só pessoa, mesmo não sendo o pastor. No entanto, diante do Espírito de
Deus, quem dará contas dessa função é o pastor da igreja. Há muitos crentes, há
diversos dons do Espírito Santo distribuídos aos crentes nas igrejas de Cristo,
mas a supervisão de todos cabe sempre ao que recebeu o dom de pastorear o
rebanho.
3. Ancião. No grego presbyteroi,
daí também usar-se a expressão transliterada presbítero. Significa o que tem
sabedoria, o que tem capacidade para ensinar, conselheiro. São uma função
herdada do Antigo Testamento, do povo hebreu, que tinha seus anciãos, seus
conselheiros. Por isso, escrevendo a Timóteo, dando instruções a respeito do
estabelecimento de bispos sobre as igrejas, o apóstolo Paulo disse que devem
ser aptos para ensinar (1Tm 3:2).
Esta é uma função do pastor. Ele
pode delegar poderes a alguém para ensinar à igreja que conduz, para auxiliá-lo
em seu ministério, mas deve fazê-lo conscientemente, conhecendo a firmeza
doutrinária daquele a quem está delegando a tarefa,
porque o pastor, ao delegar poderes para o ensino, não se exime da
responsabilidade do ensino. É ele quem dará contas a Deus do rebanho que conduz
e que pertence ao próprio Senhor.
Podemos dizer que:
a) Se um crente se deixar conduzir por outro crente qualquer,
estará se expondo a ser conduzido por quem não tem responsabilidade
estabelecida pelo dono do rebanho e que, portanto, pode conduzir o crente de
qualquer maneira.
b) Não existe nada pior para uma igreja do que a desobediência a
pastores que procuram conduzir o rebanho dentro dos princípios estabelecidos
por Cristo. Isto faz com que uma igreja se arraste com muitos problemas e crie
sofrimentos terríveis para o seu líder, que indubitavelmente irá refletir todo
o seu sofrimento sobre o rebanho.
c) Existem pessoas que desejam estabelecer caminhos próprios para
que os pastores conduzam a igreja. Deve lembrar-se que a igreja é de Cristo,
que Ele deixou diretrizes a serem observadas e que constituiu os pastores para
que conduzam suas ovelhas através dessas diretrizes.
d) Ninguém deve culpar o pastor por querer conduzir a igreja dentro
dos princípios bíblicos. Deve, antes, aceitar os ensinos e procurar mudar seu
coração se porventura pensar de maneira diferente dos padrões estabelecidos no
Novo Testamento.
e) A igreja deve estar sempre orando pelo seu pastor, para que Deus
o capacite a conhecer cada vez melhor o caminho bíblico e para que Deus lhe dê
sabedoria.
f) Se alguém auxilia o pastor na tarefa de ensinar, compenetre-se
de que está cumprindo uma função que é pastoral, porque o pastor de sua igreja
lhe delegou poderes para isto. Assim ele será mais fiel a um compromisso muito
sério com Deus.
A DIFERENÇA ENTRE GESTOR E PASTOR
Gestor cuida de coisas, pastor
cuida de ovelhas.
Gestor visita obras, pastor
visita ovelhas.
Gestor administra os negócios,
pastor alimenta as ovelhas.
Gestor comanda de sua mesa,
pastor se envolve com as ovelhas.
Gestor cheira a gabinete, pastor
cheira a ovelha;
Gestor manda nos comandados,
pastor serve as ovelhas.
Gestor possui seguranças, pastor
protege as ovelhas.
Gestor consulta o número do
cadastro, pastor conhece as ovelhas pelo nome.
Gestor espera o resultado, pastor
vai em busca da ovelha e a carrega nos ombros
Gestor pune, pastor corrige as
ovelhas.
Gestor demite, pastor restaura as
ovelhas.
Gestor da treinamento para os
liderados, pastor guia as ovelhas.
Gestor tem metas, pastor tem
propósitos.
Gestor busca o topo, pastor
caminha nos vales.
Gestor usa apenas a técnica
acadêmica, pastor usa a experiência dos desertos e dos vales.
Gestor é formado, pastor é
chamado.
Gestor assina papéis, pastor
cumpre o seu papel.
Gestor gasta tempo e recursos com
a manutenção do posto, pastor investe na oração.
Gestor constrói prédios, pastor
edifica vidas.
Gestor paga contas, pastor paga o
preço.
Gestor é temido, pastor é amado.
Gestor possui igreja, pastor é
dado a igreja.
Gestor é chefe, pastor é amigo.
Gestor é bajulado, pastor é
honrado.
Gestor passa, pastor fica na
memória.
Gestor vive regaladamente, pastor
dá a vida pelas ovelhas.