sexta-feira, 6 de maio de 2016

O PREÇO DA CONTENDA

Prosseguindo no seu aperfeiçoamento espiritual na sua vida com Deus, Abrão, agora, vê-se diante de outra decisão fora do plano de Deus, que foi a de levar consigo o sobrinho Ló. Surgiu problema entre eles e Abrão vence mais esta batalha na sua vida espiritual.

INTRODUÇÃO

- O capítulo 13 de Gênesis começa com uma grande notícia: Abrão subiu do Egito para a banda do sul. Ele, sua mulher, tudo o que tinha. Entretanto, também ia com ele Ló.
- Como dissemos, no instante em que atendeu ao chamado de Deus, Abrão cometeu um erro. Diz o texto sagrado que “foi Ló com ele”(Gn.12:4). Ora, Ló, apesar de ser sobrinho de Abrão e que, certamente, era praticamente um filho adotivo para Abrão, não se encontrava no plano de Deus para Abrão. Ló foi com ele, mas não era esta a determinação de Deus, que, de forma bem claro, mandara o patriarca deixar família, casa e parentela(Gn.12:1).
- Muitas vezes, carregamos conosco algo que nos é muito caro, muito querido, algo que até a sociedade impõe que carreguemos, mas este é um “Ló” em nossa vida, algo que Deus não mandou que carregássemos, mas que o fazemos por nossa livre e espontânea vontade. Deus, na Sua infinita graça e dentro dos propósitos que fez para o homem, não elimina Ló, mas permite que o levemos. Todavia, ao longo da jornada, verificaremos que esta não é a vontade de Deus. Nossos “Lós” podem nos trazer companhia, mas serão, sempre, um obstáculo, um impecilho, um embaraço na nossa caminhada com Deus. Sigamos o conselho do escritor aos Hebreus e nos livremos do embaraço para que possamos correr com paciência a carreira que nos está proposta(Hb.12:1).

I. INTERFERÊNCIAS NO PLANO DE DEUS

- Deus respeita o livre-arbítrio do homem, pois fez o homem dotado de responsabilidade e de liberdade, como bem se verifica do próprio ato criador(Gn.1:26). Destarte, Deus não impede que o homem tome as decisões que bem entender, ainda que contrárias à vontade divina. Por isso, Deus permitiu a Abrão que partisse de Ur com seu pai Harã e, posteriormente, que fosse a Canaã acompanhado de seu sobrinho Ló ou que fosse para o Egito. Todas estas decisões encontravam-se fora do plano divino para Abrão, mas Deus deixou que o tempo mostrasse isso a Abrão. Nós não somos robôs, autômatos e Deus sempre respeitará a decisão que tomarmos, sendo certo, também, que responderemos por elas.
- Devemos, sempre, atender à vontade de Deus, ainda que isto nos venha a tomar decisões desagradáveis e que contrariem os nossos sentimentos. Abrão não quis deixar seu pai Harã, o que era compreensível, dentro do sentimento de um filho leal e obediente, mormente numa sociedade patriarcal como era a dos dias de Abrão. Entretanto, a obediência à voz de Deus exige de nós a ruptura com todos os valores que consistam em inobservância da Palavra de Deus. Enquanto Abrão não fez a vontade de Deus, Deus a Ele não Se revelou de forma especial, o que somente se deu quando estava já na terra de Canaã. Do mesmo modo, enquanto nós não nos desvencilharmos do que nos prende mas está fora do propósito divino para nós, Deus não poderá cumprir o propósito que tem assinado para nossas vidas.
- Ló era um obstáculo para a realização do propósito divino na vida de Abrão. Hoje, ao lermos a Palavra, sabemos, temos consciência de que Ló, que era praticamente o herdeiro de Abrão, não poderia ficar na casa do patriarca, que haveria de ter um filho , o filho da promessa. Hoje o sabemos, mas Abrão não o sabia. Entretanto, Deus havia dito a Abrão que dele faria uma grande nação e, portanto, como a ordem era exclusiva a ele (e a sua mulher, que era carne de sua carne, osso de seus ossos), seu sobrinho não se encontrava nesta promessa e dela não poderia compartilhar. Observemos que Ló é apontado na Bíblia como justo e que, portanto, não havia erro na vida de Ló. Simplesmente, o propósito de Deus para Abrão exigia a separação de Ló.
- Deus, então, na Sua infinita misericórdia, ante a persistência deste obstáculo, permitiu que houvesse um problema na convivência entre tio e sobrinho. Diz o texto sagrado que a terra “não tinha capacidade para poderem habitar juntos, porque a fazenda era muita, de maneira que não podiam habitar juntos”. Havia uma situação de incompatibilidade entre Abrão e Ló, não pelos seus sentimentos, não pelas suas vidas, mas por causa da falta de espaço. A prosperidade material de ambos havia tornado impossível a convivência. Apesar desta constatação, nem um, nem outro ousaram propor a separação e o resultado foi que surgiu o conflito, a contenda.

OBS: " Rashi (nome pelo qual é conhecido o comentarista bíblico e talmúdico Rabi Salomão ben Isaac, 1040-1105, observação nossa) detém-se no motivo desta contenda: os pastores de Lot deixavam seus rebanhos pastar nas terras dos cananeus e perizeus. Alertados pelos pastores de Abrão, os primeiros alegaram que toda aquela terra fora prometida a Abrão e, como ele não tinha filhos, ela seria herdada por Lot, o que lhes dava o direito de já usufruírem dela. Por isso a Torá diz : 'e o Cananeu e o Perizeu viviam então na terra', ou seja, Abrão não era o legítimo dono da terra, ainda..." ( TORÁ: A lei de Moisés. Meir Matzliah MELAMED, com.Gn.13, p.31).

II. MALES RESULTANTES DA CONTENDA

- Devemos ser vigilantes e evitar a todo custo que haja contenda entre nós e os demais seres humanos. Diz a Bíblia que devemos ter paz com todos, no que depender de nós (Rm.12:18). Assim, deve todo cristão perceber as situações em que há “falta de espaço”, ou seja, em que não é possível a convivência de duas pessoas, até por causa da prosperidade. Se não percebermos estas situações, brevemente haverá conflitos e surgirá a contenda. A contenda pode ser evitada, pois somos pacificadores (Mt.5:9). Abrão sabia que Ló não estava nos planos de Deus para ele, mas o mantinha por sentimento familiar, por afeição, mesmo havendo uma circunstância objetiva: a falta de espaço da terra para ambos. Quando houver “falta de espaço”, tomemos a iniciativa e busquemos manter a paz, afastando-nos, criando espaço.
- Veio a contenda e, então, o patriarca acordou. Embora gostasse muito de Ló e o amasse, Abrão percebeu que não havia mais condições para que seu sobrinho com ele continuasse convivendo. Abrão demonstrava estar crescendo espiritualmente, pois, ao propor a separação a Ló, não visou a vantagem, o benefício imediato, nem acusou o sobrinho de estar criando a contenda. Ao invés de buscar culpados, de “fazer justiça”, analisou a situação, ponderou e verificou que o melhor era a separação, era fazer a vontade de Deus. Quantos crentes não arrumam sérios problemas na sua vida porque não querem enxergar as dificuldades por que estão passando do ponto-de-vista espiritual ? Buscam culpados, procuram “fazer justiça”, mas, o que devem fazer, que é a o auto-exame, a reflexão do propósito de Deus para suas vidas, não fazem e a contenda não cessa, só aumenta. Abrão acordou espiritualmente, viu que sua atitude de mantença de Ló contrariava a vontade de Deus e decidiu pôr fim à contenda, assumindo a responsabilidade pelo seu aparecimento, a ninguém culpando e nada visando a não ser o cumprimento da vontade de Deus.

III. A VITÓRIA SOBRE A CONTENDA

- Abrão dirigiu-se a seu sobrinho e lembrando que estavam numa mesma família, disse-lhe da necessidade de separação em virtude da contenda, algo que não era adequado para uma casa onde Deus estava reinando e guiando os passos de todos. Que belo exemplo ! Será que temos tido a preocupação de, em nossas relações familiares, darmos testemunho do nome do Senhor ? Será que temos tido a preocupação, na igreja do Senhor, de testificarmos que “irmãos somos” ? Esta foi a principal preocupação do patriarca, preocupação que lhe fez, inclusive, abrir mão do seu direito de escolha em favor de seu sobrinho.
OBS: Adam Clarke assim comenta a expressão “porque irmãos somos” proferida por Abrão, segundo o texto sagrado: “...Nós somos da mesma família, adoramos o mesmo Deus da mesma maneira, temos as mesmas promessas e buscamos o mesmo fim. Por que então deveria haver contenda ? Se ela parece ser inevitável nesta situação atual, deixe que a situação seja mudada num instante, pois nenhuma vantagem deste mundo pode contrabalançar a falta de paz...” ( Comentários, v.1, p.159.
CD-ROM Master Christian Library) (tradução nossa).
" Este convite à paz, de Abrão, está dirigido a todos os homens da terra, assim como o proclamou o profeta Malaquias 2:10: ' Não é um mesmo o Pai de todos nós ? Não foi um mesmo Deus quem nos criou ? Por que razão, então, despreza cada um de nós o seu irmão ? ' É necessário que as palavras de Abrahão e Malaquias se façam ouvir no seio de toda a família humana. 'Somos irmãos ? Vivamos em união e harmonia 1 Somos filhos de um mesmo pai ! Por que odiarmos uns aos outros ? ' " (TORÁ: a Lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah MELAMED, com.Gn.13, p.31-2).
- Quando não buscamos o que é próprio, quando não agimos com ganância ou cobiça, o Senhor abençoa-nos ricamente. Abrão buscava vencer a contenda, eliminar aquela situação que era fruto de uma inobservância da ordem divina. Assim, confiante em Deus, propôs a seu sobrinho Ló que escolhesse que parte da terra queria para si. Este gesto, humanamente errôneo, estava revestido da direção e da aprovação divinas. Ao sair para o lugar aparentemente melhor, não foi Ló que recebeu a visita e a promessa de Deus, mas, sim, Abrão. Por quê ? Porque Abrão agiu segundo a vontade de Deus. O crente deve, também, não buscar o que é propriamente seu, mas sempre considerar os outros superiores a si mesmo(Fp.2:3,4). É este o sentimento que teve Nosso Senhor(Fp.2:5) e devemos ser Seus imitadores (ICo.11:1).

- Ló, entretanto, não teve este sentimento. Seus olhos eram puramente voltados para as coisas desta vida e o que viu foram somente as campinas verdejantes da planície. Viu a fortuna, a prosperidade material, a abundância de pasto para seus rebanhos. Não conseguiu ver a maldade e impiedade dos moradores de Sodoma e das demais cidades da planície. Uma visão puramente materialista é algo que pode ocorrer na vida de uma pessoa justa, como era Ló. Não podemos olhar com os olhos carnais, não devemos conduzir-nos por vista, mas por fé(II Co.5:7). Como temos agido no cotidiano de nossas vidas ? Verificado as circunstâncias que nos cercam e raciocinado única e exclusivamente segundo as variantes e os fatores humanos, ou temos procurado entender o significado espiritual das situações em que nos encontramos ? Estamos olhando para os montes ou para o Senhor(Sl.121:1,2) ?

OBS: Clarke assim comenta a escolha de Ló : “... Ele (Ló, observação nossa) certamente deveria ter deixado a escolha para o patriarca e deveria ter se guiado pelo seu conselho, mas ele tomou seu próprio caminho, confiando no seu próprio julgamento e se guiou apenas pela vista de seus olhos. Ele contemplou toda a planície do Jordão, que era bem irrigada etc. então escolheu a terra, sem levar em conta o caráter dos habitantes ou quais as vantagens e desvantagens que isto poderia representar para ele nas coisas espirituais. Esta escolha, como veremos na seqüência, trouxe-lhe não muito tempo depois a ruína do corpo, da alma e da família...” (Comentários, v.1, p.159-60. CD-ROM Master Christian Library)
" A grande falha de Ló foi amar as vantagens pessoais, mais do que abominar a iniqüidade de Sodoma (vv.10-13). (1) Se ele tivesse amado profundamente a retidão... isso o manteria separado dos maus caminhos e daquela geração ímpia. Ele, porém, tolerou o mal e optou por morar na cidade decaída de Sodoma (v.13). Talvez tenha raciocinado que as vantagens materiais, a cultura e os prazeres de Sodoma compensariam os perigos, e que ele tinha forças espirituais suficientes para permanecer fiel a Deus. Com isso em mente, ele juntamente com sua família, ficaram expostos à imoralidade e à impiedade de Sodoma. Só então, ele aprendeu a amarga lição de que sua família não era forte o suficiente para resistir às influências malignas de Sodoma...(2) Os pais de família devem tomar cuidado para não se envolverem de igual modo, nem a seus filhos, com nenhuma 'Sodoma', para não se arruínarem espiritualmente, como aconteceu à família de Ló..." (BÍBLIA de Estudo Pentecostal, nota aGn.13:12, p.52).

- Neste episódio, vemos que dois justos podem ter decisões completamente distintas, caso não estejam animados pelo Espírito de Deus. Abrão conscientizou-se da necessidade da separação para que se cumprisse a vontade de Deus e o plano divino para sua vida. Buscava agradar a Deus. Ló, entretanto, que até ali havia estado com seu tio por livre e espontânea vontade, mesmo sendo justo, quis levar vantagem, quis tirar proveito da circunstância. Era alguém que vagueava sem que tivesse qualquer chamada divina. Alguém que desfrutava das bênçãos por conta da fidelidade e resposta ao chamado de Abrão. Era um nítido “crente de carona”, aquele que é abençoado em virtude da vida santa e bem dirigida de quem está a sua volta. Que tipo de servo é o(a) irmão(ã). Tem atendido ao chamado de Deus na sua vida ou está indo na companhia de algum chamado ? Tem consciência do propósito de Deus na sua vida ou está apenas tirando vantagem, sobrevivendo e até prosperando por conta do chamado de outro? Estejamos conscientes da vontade de Deus para nossas vidas. Isto deve algo sempre presente na mente do cristão. Daí porque, no Pai nosso, Jesus ter incluído a frase “seja feita a Tua vontade”, numa clara demonstração de que o crente deve estar plenamente ciente da vontade de Deus para ele, algo que Jesus prometeu sempre nos informar(Jo.15:15,16).
OBS: "... Ló escolhe a região onde estão localizadas cidades-estado como Sodoma e Gomorra; assim ele entra no âmbito de uma estrutura que se sustenta graças à exploração e opressão do povo. Abrão, ao invés, fica aberto para uma história nova, fundada unicamente na promessa e no projeto de Javé. Não tomando a dianteira para escolher a sua parte, mais uma vez Abrão entrega-se a Deus na fé, para que este lhe aponte o caminho...."(BÍBLIA Sagrada. Edição Pastoral, nota aGn.13:1-18, p.26).

- Após a escolha feita por Ló, Abrão teve mais uma manifestação de Deus. Deus apareceu a Abrão, diz o texto sagrado, “depois que Ló se apartoudele”(Gn.13:14), o que demonstra o que já dissemos, ou seja, que Ló era um obstáculo a mais a ser removido na vida de Abrão para que o plano de Deus pudesse se realizar plenamente. O aparecimento de Deus a Abrão foi uma confirmação ao patriarca de que havia sido superada a fase de desobediência e de desatendimento à vontade de Deus na sua vida. Terminava um período de prova espiritual para Abrão, Deus renovava Suas promessas e o patriarca encontrava-se vitorioso. Havia vencido a mentira, o sentimento de auto-suficiência, a ganância e dava um decisivo passo de fé na sua caminhada espiritual. O homem que, ao sentir a fome, correra para o Egito, agora era um homem que abrira mão do seu direito patriarcal de escolher a melhor terra e resolvera viver na dependência exclusiva de Deus.

OBS: "...Depois da separação de Lot, Deus repete a promessa feita a Abrão anteriormente(Gên. 12:7), para enfatizar que a terra seira dada exclusivamente à sua semente, e não a Lot...." (TORÁ: A Lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah MELAMED, com.Gn.13:15, p. 32).

- Ponto interessante é que Abrão, ao se abster de escolher uma parte da terra, teve a promessa de Deus de receber toda a terra. O Senhor prometeu-lhe a banda do norte, do sul, do oriente e do ocidente(Gn.13:14), ou seja, tudo(Gn.13:15). Assim continua ocorrendo na vida dos servos fiéis. Se nos abstivermos das coisas deste mundo, se não buscarmos as coisas desta vida, teremos aqui cem vezes tanto e, no porvir, a vida eterna(Mt.19:27-29). Nunca nos esqueçamos de que o que temos é muito mais valioso que o mundo inteiro e que a glória que nos está reservada não dá para comparar com coisa alguma desta vida(Rm.8:18). Como disse o cantor sacro: “Metade da glória celeste, jamais se contou ao mortal !”.

OBS: "... Todo o território que Abraão contemplou para o norte, o sul, o leste e o oeste, pertencia a ele, e então seria o mesmo transferido à sua posteridade. Deus nada lhe negaria. Sua misericórdia é tão vasta quanto o mar. A Abraão foi prometida a grandeza: 1. A grandeza inclui uma significativa missão espiritual e a visão de vê-la e reconhecê-la, para então ativar-se a fim de desenvolvê-la 2. A grandeza de um homem reflete-se nas coisas que ele procura promover. 3. A grandeza de um homem é garantida por sua capacidade de persistir em seus propósitos e levar suas idéias à plena fruição. 4. A grandeza de um homem reflete-se em sua capacidade de sofrer perdas, mas recuperar-se e renovar o seu zelo. 5. Um grande homem está sempre em uma cruzada. Ele nunca descansa em Sião. 6. A vitalidade e a força não reside nas coisas materiais, mas na fé que cultivamos. Abraão erguia um altar por onde quer fosse. 7. Ao homem nômade foi prometida uma pátria grandiosa, por ser ele o homem escolhido para aquela hora, a fim de cumprir o propósito de Deus. A vontade de Deus sempre coincide com a verdadeira grandeza..." (R.N. CHAMPLIN. O Antigo Testamento interpretado,Gn.13.15, p.108)

- Não bastasse isso, Abrão recebeu, ainda, a promessa divina de que sua semente seria como o pó da terra. Se os “filhos de Abraão” são inúmeros do ponto-de-vista carnal (veja-se a população de árabes e judeus através dos séculos), que dirá do ponto-de-vista espiritual, ou seja, todos os servos sinceros e fiéis a Deus que, durante as dispensações, têm se levantado para honrar e adorar o verdadeiro Deus. São multidões, milhões e milhões, como se vê no Apocalipse(Ap.5:11; 19:6).

- Quando se diz que a descendência de Abrão é como o pó da terra, vemos, também, aqui uma observação divina a respeito de Seus servos. Assim como o pó é imperceptível aos olhos humanos, mas está presente e faz diferença onde se encontra, assim são os servos de Deus. Não há lugar onde não se encontrem servos do Senhor nesta face da terra. Mesmo que haja perseguições, que haja preconceitos, que haja uma luta incessante do maligno para calar e desviar os servos do Senhor, sempre há aqueles que não se dobram a Baal e que exaltam e testificam do Senhor. Conhecidas são instituições em todo o mundo, mesmo no Brasil, onde há verdadeiro preconceito e cruel perseguição aos servos do Senhor, mas, como o povo de Deus é como o pó da terra, por mais que pelejem contra eles, eles ali estão, vencendo em nome do Senhor e fazendo com que os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus por causa de suas boas obras(Mt.5:16). É promessa de Deus desde os tempos de Abrão !

- Mas, após renovar Sua promessa com Abrão, o Senhor faz algo importante. Manda ao patriarca que se levantasse, que percorresse a terra, no seu comprimento e na sua largura. E por que deveria fazer isto ? Responde o Senhor: porque a darei a ti. Embora Deus a tivesse prometido, era necessário que Abrão nela peregrinasse, ou seja, que demonstrasse sua fé com ações, com atitudes, com obras. É por isso que Tiago diz-nos que a fé sem obras é morta(Tg.2:17). Embora nada tivesse (e nada haveria de ter) em Canaã, Abrão deveria percorrê-la como se já a possuísse. Deveria andar nela como se ela já estivesse sob seu poder. Somente agindo assim, mostraria a sua fé em Deus e poderia testificar de sua crença diferente para todos os povos, em especial os próprios cananeus. É isto que é viver por fé e não esperar que todos tomem atitudes em seu favor, a começar do próprio Deus. Quando Jesus prometeu uma pesca maravilhosa aos discípulos, foi necessário que eles lançassem as redes, pois, caso contrário, os peixes não viriam(Lc.5:4-6). Jesus não tinha poder para que os peixes aparecessem nas redes dentro do barco ? Certamente que sim ! Mas, pergunto, qual seria a edificação daqueles pescadores que seriam chamados para o apostolado ? Nenhum ! Portanto, vejamos que a Abrão Deus ordenou que percorresse a terra da promessa. Como Deus não muda, Ele continua mandando que ajamos, que percorramos a terra das promessas que nos foram feitas, em todo o seu comprimento e largura, para que, edificados e testificando da fé, dando glória a Deus(Rm.4:20), sejamos fortificados e fortifiquemos aos outros.
- Sem os obstáculos criados por ele mesmo, Abrão atende à ordem do Senhor, arma suas tendas e foi habitar nos carvalhais de Manre, edificando um altar ao Senhor(Gn.13:18). A comunhão estava plenamente restabelecida. Voltavam a tenda e o altar. Não havia mais Ló nem a ganância, muito menos o medo e a inércia. O nosso patriarca iniciava o percurso na terra, armando suas tendas e edificando seus altares. Começava a vida de fé. 

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