quinta-feira, 23 de junho de 2016

A INSTABILIDADE POLÍTICA E RELIGIOSA DE ISRAEL

Oséias inicia seu ministério no reinado de Jeroboão II, o terceiro rei da dinastia aberta por Jeú, num período de relativa prosperidade material, mas que era enganosa, visto que se estava para iniciar um período de graves crises políticas que levariam à destruição completa do reino do norte quarenta e um anos e sete meses após a morte de Jeroboão II. Este estado de coisas mostra a dificuldade do ministério de Oséias e de sua mensagem, que foi pregada em meio a um país corrupto, idólatra e violen


A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Neste trimestre, estudaremos o primeiro dos livros do grupo denominado de "Profetas Menores", no Antigo Testamento, a saber, o livro do profeta Oséias. Aliás, na Bíblia judaica, todos os profetas menores se encontram reunidos em apenas um livro, denominado na versão grega (a Septuaginta) de "Dodecapropheton", ou seja, doze profetas.
Oséias é colocado em primeiro lugar na ordem destes livros pois foi considerado como sendo o mais antigo dos chamados "profetas canônicos", i.e., dos profetas que deixaram escritos inspirados, idéia, entretanto, que tem sido contestada pelos estudiosos da Bíblia, que entendem que Jonas e Amós lhe foram anteriores.
Oséias, ao lado de Jonas, é dos únicos profetas canônicos que são considerados como oriundos do reino do norte, o reino de Israel, formado pelas dez tribos que se separaram do governo da família de Davi após a morte de Salomão(I Rs.12:1-25). As dez tribos que se separaram foram: Ruben, Simeão, Issacar, Naftali, Efraim, Manassés, Gade, Dã, Aser e Zebulom.
O ministério de Oséias foi um dos mais longos registrados na Bíblia Sagrada, pois se desenvolveu durante o reinado de Jeroboão II, o terceiro rei da dinastia inaugurada por Jeú(II Rs.9), cujo reinado durou quarenta e umanos(II Rs.14:23) e até os dias de Ezequias, rei de Judá, que começou a reinar trinta e cinco anos e sete meses depois da morte de Jeroboão II (cfr. II Rs.15:8,13,17,23,27,30 e18:1), ou seja, a duração de seu ministério está entre trinta e cinco anos e sete meses até setenta e seis anos e sete meses.
A mensagem de Oséias é contundente e denunciadora do desvio espiritual existente no reino de Israel (o reino do norte) e a iminente destruição deste país, caso não houvesse arrependimento. Assim, ao mesmo tempo em que se denuncia o pecado do povo, Deus, através de Seu profeta, demonstra o propósito de restaurar Israel.
Lamentavelmente, as dez tribos não se arrependeram e a Assíria acabou por destruir, para sempre, o reino do norte no sexto ano do reinado de Ezequias, rei de Judá (cfr. II Rs.17).
"...Oséias, porém, não é só um acusador, mas também anuncia o amor fiel e misericordiosos de Deus para com Seu povo, se este se converte e volta a conhecê-lO. Para o profeta, o conhecimento de Deus não é uma atitude intelectual, mas uma adesão amorosa, através de uma prática que corresponda ao projeto de Deus, elaborado no deserto por ocasião do êxodo..." (Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, p.1166).
"...Os seus temas (do livro de Oséias, observação nossa) são: o pecado da nação de Israel, a necessidade de arrependimento, a condenação iminente, a derrubada da casa reinante de Jeú, a ameaça assíria, a necessidade de Israel abandonar a idolatria e, finalmente, o amor de Deus, este ilustrado por sua própria tragédia doméstica. Mui tolamente, Israel demonstrava confiança na Assíria, o gigante do norte, como se fosse um protetor de Israel. Mas Oséias deixou claramente previsto que a Assíria, longe de ser o salvador de Israel, acabaria por ser seu destruidor. Ver Osé. 5:13; 7:11;8:9; 12:1 e14:3. Oséias condenava o emprego da política como remédio para os problemas espirituais da nação. As alianças com potências estrangeiras sós serviam para aumentar ainda mais os problemas de Israel. Contudo, uma arrependida e piedosa nação de Israel seria protegida por Deus. Infelizmente, as esperanças de Oséias não se concretizaram !... " (R.N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.636-7).
"...Poder-se-ia mesmo dizer que o livro de Oséias é uma 'história de amor que não terminou bem.' Porém, nessa tragédia doméstica, ele se encontrou com Deus...O grande sofrimento de Oséias nos proporcionou esse maravilhoso poema do amor de Deus por Israel..."
(J.D. DOUGLAS(org). O Novo Dicionário da Bíblia, edição em um volume, p.1157).

ESBOÇO DO LIVRO DO PROFETA OSÉIAS (apud J.D. DOUGLAS (org.). O Novo Dicionário da Bíblia, edição em um só volume, p.1157):
a) O casamento do profeta retrata as relações de Israel com seu Deus (1:1-3:5)
b) Oséias denuncia a corrupção, o orgulho e a idolatria de Israel (4:1-8:14)
c) A certeza do julgamento (9:1-10:15)
d) Parêntesis. O triunfo do amor e da misericórdia de Deus (11:1-11)
e) A infidelidade e a rebelião de Israel resultarão em julgamento e destruição(11:12-13:16)
f) A misericórdia de Deus para com um povo arrependido (14:1-9)


INTRODUÇÃO
- O ministério do profeta Oséias se desenvolveu em meio a um ambiente social totalmente hostil, marcado pela corrupção, pela idolatria e pela violência. Esta é a mesma situação da Igreja nos dias atuais, marcados pelo mesmo estado de coisas, talvez até potencializado pelo desenvolvimento tecnológico de nossos tempos.

OBS: "...Se a Torah - os cinco Livros de Moisés - pode ser tida como o símbolo do intelecto da religião judaica, então as obras dos Profetas podem ser consideradas seu coração. Não se encontram, em todas as literaturas sagradas da Humanidade, documentos em que melhor se expressem tão elevados sentimentos e aspiraçòes a uma sociedade liberta da guerra, da fome e da opressão....Os autores dos documentos Proféticos foram, de certa maneira, desbravadores do espírito; abriram caminhos de luz na escuridão da selva social da Antiguidade...Não pode haver genuína compreensão dos Profetas sem um exame prévio, por mais limitado que seja, dos problemas sociais, políticos, econômicos e religiosos com que se defrontava a sociedade israelita da época...Os profetas canônicos colocavam-se em oposição desafiadora aos governantes e aos membros corruptos do governo, bem como aos seus dóceis instrumentos que eram os sacerdotes e os profetas oficiais. Acreditavam ter recebido o mandato profético diretamente de Deus. Lançavam o monoteísmo ético de Moisés contra o idólatra e formalístico culto do Templo..." (JUDAICA, v.5, p.88-93)

- A pregação da Palavra de Deus envolve um conteúdo de denúncia contra o pecado, de contrariedade ao mundo que jaz no maligno -Jo.15:18-25; Ef.2:1-3: I Co.1:18-31.

OBS: "...A verdadeira voz profética é denunciativa. A igreja precisa aceitar sua responsabilidade de ensinar a verdade da Palavra de Deus em todas as circunstâncias. Todos os seguidores fiéis de Jesus precisam da mesma convicção que Paulo encorajou em Timóteo, quando escreveu "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina"( 2 Timóteo 4:2). A igreja que evita alguns aspectos da palavra de Deus porque poderiam ser impopulares ou difíceis das pessoas aceitarem não está cumprindo sua missão..." (Revista Escola Bíblica Dominical. Editora Betel. Lição 11 - A verdadeira voz profética da Igreja. 1º trimestre de 2002. www.beteldominical.com.br/Revista%20NE/lição%2011.htm).

I. A VISÃO PANORÂMICA DA HISTÓRIA DE ISRAEL

- A História de Israel se divide, basicamente, em quatro períodos, a saber:

a) Período patriarcal - Período da formação do povo de Israel, novo nome dado a Jacó, que herdara a promessa de Abraão e de Isaque. Após a subida de José ao cargo de governador do Egito, Israel e sua família, então composta de 70 almas (cfr.Ex.1:1-5), foi para o Egito, onde se multiplicou grandemente. Tendo sido escravizados, foram ali libertos por Deus através de Moisés(cfr.Ex.3:10), que lhes concedeu a lei (cfr. Jo.1:17), tendo sido sucedido por Josué(cfr.Js.1:1-9).

b) Período teocrático - Após a morte de Josué, não foi estabelecida qualquer liderança nacional em Israel, guiando-se cada tribo por si mesma, tendo apenas uma identidade religiosa. Quando, porém, havia o aparecimento de uma situação de submissão a algum povo estrangeiro, Deus levantava um libertador, denominado de "juiz", que afirmava sua liderança até sua morte (cfr.Jz.2:7-23).

c) Reino Unido -O governo dos juízes (na verdade, o governo direto de Deus sobre Israel, denominado de "teocracia") se extinguiu com Samuel, o último juiz. A pedido do povo, Samuel instituiu a monarquia, ungindo Saul rei de Israel(cfr. I Sm.10). Começa o período do Reino Unido, em que as doze tribos foram governados por um só rei. Foram reis sobre as doze tribos de Israel: Saul, Davi e Salomão (após a morte de Saul, houve, durante algum tempo, dois reis: Davi, que reinava apenas sobre a tribo de Judá e Isbosete, filho de Saul, sobre as demais tribos).

d) Reinos Divididos - Após a morte de Salomão, diante da inabilidade de Roboão, o reino de Israel sedividiu(I Rs.12): dez tribos seguiram a Jeroboão I, formando o reino do norte, que se chamou Israel, enquanto que as tribos de Judá e Benjamim se mantiveram fiéis a Roboão e à dinastia de Davi, formando o reino do sul, que se chamou Judá. Jeroboão I, com receio de que as dez tribos retornassem ao domínio da dinastia de Davi por causa da religião, instituiu dois bezerros de ouro, em Betel e em Dã, para que as dez tribos não fossem adorar em Jerusalém, capital do reino de Judá. Por causa disto, a tribo de Levi se voltou para o reino do sul, passando a se submeter à dinastia de Davi(II Cr.11:13-16).


e) O Reino do Norte - O reino do norte, Israel, nunca teve estabilidade política, tendo havido uma sucessão de reis, todos mantendo a idolatria e o culto dos bezerros de ouro, chamado pela Bíblia de "pecado de Jeroboão, filho de Nebate". Eis as dinastias do reino do norte:
Dinastia de Jeroboão - reis: Jeroboão I, Nadabe.
Dinastia de Baasa - reis: Baasa, Elá
Dinastia de Zinri*: Zinri
Dinastia de Onri- reis: Onri, Acabe, Acazias, Jorão.
Dinastia de Jeú - reis: Jeú, Jeoacaz, Jeoás, Jeroboão II, Zacarias
Dinastia de Salum**: Salum
Dinastia de Menaém - reis: Menaém, Pecaías
Dinastia de Peca: Peca
Dinastia de Oséias: Oséias***, quando o reino foi destruído pelos assírios.

* - servo de Elá que o matou e reinou apenas sete dias.
**- servo de Zacarias que o matou e reinou apenas um mês
*** - não confundir este rei com o profeta cujo livro estamos estudando

f) O Reino do Sul - O reino do sul, Judá, esteve sempre nas mãos da dinastia de Davi, como parte até da promessa messiânica dada por Deus a Davi (cfr. II Sm.7:16), salvo um curto período em que o reino foi exercido por Atalia, filha de Acabe, que se casara com Jorão, que havia matado todos os descendentes de Davi, com exceção de Joás, que fora poupado e acabou sendo entronizado numa conspiração contra a usurpadora(cfr. II Rs.11).
Reis de Judá: Roboão, Abião, Asa, Jeosafá, Jeorão, Atalia, Joás, Amazias, Azarias(ou Uzias), Jotão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias, Jeoacaz, Jeioaquim, Joaquim, Zedequias, quando o povo foi levado cativo para a Babilônia. Ainda governou sobre a parte que ficou na terra de Judá, Gedalias, que foi morto, tendo havido a emigração do remanescente para o Egito.

- Como se percebe, o profeta Oséias profetizou precisamente nos momentos de angústia do reino do Norte, quando havia uma desordem política e religiosa que acabou levando Israel a titubear entre as duas potências da época, Egito e Assíria, acabando por ser destruído pelos assírios. Motivo da destruição ? O abandono do culto ao verdadeiro Deus.

OBS: "...Oséias descreve as condições sociais características de seu tempo: líderes corruptos, vida familiar instável, imoralidade generalizada, ódio entre classes e pobreza. Embora as pessoas continuassem uma forma de adoração, a idolatria era mais e mais aceita, e os sacerdotes estavam falhando na tarefa de guiar o povo nos caminhos da justiça. Apesar das trevas desse tempo, Oséias oferece esperança para inspirar seu povo a voltar-se novamente para Deus..." (Bíblia de Estudo Plenitude, p.852)

- A história de Israel nos mostra, claramente, que a prosperidade do povo de Deus não vem da geopolítica, das relações internacionais, nem da pujança econômica, mas tão somente da vida espiritual do povo. Quando o povo se encontrava em comunhão com Deus, havia momentos de glória e de progresso. Quando, pelo contrário, não se tinha fidelidade ao Senhor, o país sofria uma derrocada em todos os sentidos: moral, econômico, político, social.

II. O CATIVEIRO

- Por causa da idolatria, o reino do Norte foi levado cativo (cfr. IIRs.17:7-23), mas o cativeiro lhes trouxe a destruição, pois foram substituídos por um povo que se misturou com as práticas idolátricas, gerando um novo povo, os samaritanos (cfr. II Rs.17:24-41), que passariam a ser inimigos dos judeus (cfr.Jo.4:9).

- Já o reino do Sul foi levado cativo (cfr. IICr.36:14-21), mas, no cativeiro, manteve sua identidade e Deus acabou lhe restaurando, inclusive curando-o da idolatria. Dali por diante, nunca mais os judeus seriam idólatras(II Cr.36:22,23; Ed.3;Ne.9)

- O cativeiro, então, para os judeus, serviu de remédio para a idolatria; já para as dez tribos do norte, foram a causa de sua destruição. Qual o motivo ? A separação mantida pelos judeus (as tribos do sul) fez com que houvesse a preservação da nação, enquanto que a mistura com os demais povos, por parte das tribos do norte, importou em destruição. Não é sem motivo, portanto, que se disse que "sem a santificação, ninguém verá oSenhor"(Hb.12:14). Por isso, bem consideremos a advertência seríssima de Ap.22:11 !

OBS: Este texto referente aos judeus deve ser também aplicável à Igreja, o Israel de Deus (cfr.Gl.6:16) : "...Em meio às múltiplas razões que poderiam explicar a ojeriza de muitos não-judeus pelos judeus, há uma especial que não deve ser subestimada: a xenofobia. A palavra, conforme é usada pela psiquiatria, denota um medo irracional de estranhos. A explicação para esse temor não é difícil de ser encontrada. Falando historicamente, nenhum grupo religioso se apresenta tão estranho ou perturbadoramente diferente quanto os judeus aos olhos das pessoas simplórias, mal informadas e eivadas de preconceitos. O fato histórico é que, embora vivessem com uma minoria pequena, perseguida, no seio dos outros povos durante a sua longa dispersão (que se iniciou em 70 E.C.), os judeus levavam, mais ou menos, uma existência separatista...Sua posição específica - de grupo não conformista que ficava à margem da estrutura geral, social e cultural - apunha-lhes, naturalmente, a marca de um povo 'esquisito', 'rejeitador', e 'soberbo' e, concomitantemente, provocada muitas vezes em seus inimigos a conclusão de que também eram 'estrangeiros' e 'inassimiláveis'...A nova conceituação tornava claro que a religião judaica se havia originado numa sociedade considerada teocrática ou governada por Deus, onde cada aspecto da existência humana - econômico, social, intelectual, físico ou espiritual - estava estritamente subordinado aos mandamentos, às leis, aos regulamentos e às tradições da Torah. Os devotos judeus eram, talvez, diferentes de outros tipos de devotos na medida e intensidade de sua identidade religiosa de grupo: essa identidade era dupla, simultaneamente de religião e de povo - concepções complementares baseadas na aliança absoluta que a Bíblia dizia haver sido estabelecida entre Deus e Israel, no monte Sinai, na Era de Moisés. Naquela ocasião, ao aceitar a Torah, os judeus haviam-se dedicado solenemente a servir seu Deus como 'uma nação de sacerdotes' para todo o sempre. Assim - para melhor preservar a identidade religiosa, a coesão de grupo, e a 'pureza' quase sacerdotal - os judeus mantinham-se separados..." (JUDAICA, v.6, Separatismo judeu, p.762-3).

III. O PAPEL DOS PROFETAS

- Erroneamente, confunde-se a figura do "profeta" com a do que conhece o futuro. Embora o profeta possa dizer o futuro, o fato é que a palavra significa "porta-voz". É por isso que o profeta é, antes de tudo, um mensageiro, aquele que traz a mensagem de Deus.

OBS: " ...Pela sua coragem de questionar a situação presente e vislumbrar um futuro diferente para o seu povo, os profetas sempre exerceram atração fascinante. Muitos chegam a confundir profeta com adivinhador do futuro. Outros chegam a pensar que eles ensinavam coisas absolutamente novas. O verdadeiro profeta, no entanto, é aquele que preserva a tradição autêntica do seu povo, perdida ou deformada em meio a tantas 'tradições' criadas para defender interesses, legitimar poderes e sustentar sistemas. O núcleo central da tradição autêntica é a fé exodal, ou seja, o reencontro com o verdadeiro Deus revelado a Moisés...Portanto, profeta é aquele que se inspira na ação libertadora do Deus do êxodo e, a parti daí, analisa a situação presente e mostra o projeto de Deus para o futuro do seu povo..."( Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, p.946).

- O primeiro profeta nacional de Israel foi Moisés, que foi o portador da vontade divina, especialmente ao transmitir a lei. Ele é o profeta modelo (cfr.Dt.18:15; 34:10-12).

OBS: "...A primeira pessoa a quem a Bíblia chama de profeta...foi Abraão(Gn.20:7; Sl.105:9-15), mas a profecia do Antigo Testamento recebeu sua forma normativa na vida e na pessoa de Moisés, que passou a constituir padrão de comparação para todos os profetas futuros...Cada característica que caracteriza o verdadeiro profeta de Yahweh, na tradição clássica da profecia vetero-testamentária, foi pela primeira vez encontrada em Moisés. Ele recebeu uma chamada específica e pessoal da parte de Deus...O objetivo e o efeito primário da chamada era uma introdução à presença de Deus...O profeta aparecida perante os homens na qualidade de um homem que se apresentara perante Deus ( I Rs.17:1; 18:15)...a consciência profética da história teve origem em Moisés...A história se tornou numa revelação porque havia, em adição à situação histórica, um homem preparado de antemão para afirmar o que essa situação significava...Semelhantemente, deviam a ele (Moisés, observação nossa) sua preocupação ética e social...Muitos dos profetas forma encontrados a confrontar seus reis e a desempenhar um papel ativo, próprio de estadista, nos negócios nacionais...Também encontramos em Moisés aquela combinação de proclamação e predição que pode ser percebida em todos os profetas...duas outras características, próprias dos profetas que sucederam a Moisés se encontraram nele também. Muitos dos profetas usaram símbolos na entrega de sua mensagem...E, finalmente, o aspecto intercessório da tarefa profética também foi exibido por ele (Moisés, observação nossa)..."(J.D. DOUGLAS (org.). O Novo Dicionário da Bíblia, edição em um só volume, p.1318).

- O último profeta da dispensação da lei foi João Batista (Lc.16:16). A partir de então, o próprio Deus Se revelou através de Jesus, que é profeta (cfr.Jo.4:19; Lc.7:16;24:19).

OBS: "...As profecias no Velho Testamento revelaram, com muitos séculos de antecedência, que Jesus, o Redentor prometido, seria o Ungido de Deus,Sl.2.2, 45.7,89.20; Is.61.1; Dn.9.25,26 e que ele ocuparia os ministérios de profeta,Dt.18.15, de sacerdote... e de Rei....Jesus chamou-se a si mesmo 'Profeta',Mt.13.57, 23.37;Lc.13.33. Muitos outros também o chamaram assim,Mt.21.11; Mc.6.15;8.28; Lc.7.16;24.19; Jo.4.19;9.17. Como profeta, Jesus transmitiu ao povo a mensagem de Deus....E o exercício do ministério profético de Jesus refere-se principalmente ao período que vai do começo de Seu ministério público até o Gólgota. Entretanto, ainda no céu, Ele continua como profeta, porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia,Ap.19.10. Ele continua falando por meio da Sua igreja, que é o Seu corpo,Ef.1.22,23, e através dos dons do Espírito Santo, 1 Co.12.7-11, e dos ministérios dados por Ele, Ef.4.11,12 e pela Sua santa Palavra...."( Eurico BÉRGSTEN. Teologia sistemática: bibliologia, doutrina de Deus e doutrina de Cristo, p.74-6).

- Atualmente, o ministério profético é exercido pela Igreja, que é o corpo de Cristo, que nada mais é que a exposição da Palavra de Deus, que tudo discerne, até o mais profundo do homem (cfr.Hb.4:12,13).

- Não confundamos o ministério profético da Igreja (cfr. Ef.4:11), com o dom espiritual de profecia (cfr. I Co.14:1-25), que é uma expressão direta do poder de Deus para edificação, consolação e exortação para a igreja.


- A Igreja tem um encargo profético, pois a ela cabe anunciar o Evangelho, a ela cabe dar conhecimento da vontade de Deus aos homens, que outra não é senão que seja toda a humanidade salva e que chegue ao pleno conhecimento da verdade (cfr. I Tm.2:4).

- Nesta circunstância, a Igreja não se encontra num ambiente diferente do vivido por Oséias, porque também há uma instabilidade política e religiosa no mundo, que se prepara para servir ao filho da perdição, ao Anticristo, cujo espírito já está operando entre nós -Mt.24:4-14; ITm.4:1-5; II Tm.3:1-9; IJo.2:15-29.


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